A Viúva Negra em Londres
- 01. Móbile Viúva Negra, de Alexander Calder, no edifício-sede do IAB/SP, 1946. Arquitetos Rino Levi, Abelardo de Souza, Galiano Ciampaglia, Hélio Duarte, Ruchti, Miguel Forte e Zenon Lotufo Foto divulgação [Rino Levi, arquitetura e cidade, de Renato Anelli, Abilio Guerra e Nelson Kon]
- Fachada da Tate Modern, Londres, projeto de restauro do escritório suíço Herzog & De Meuron Foto José Armênio de Brito Cruz
- Viúva Negra, de Alexander Calder, em preparo para montagem Foto José Armênio de Brito Cruz
- Preparativos para a instalação do móbile Viúva Negra, de Alexander Calder, no espaço expositivo Foto José Armênio de Brito Cruz
- Finalização da instalação do móbile Viúva Negra, de Alexander Calder, no espaço expositivo Foto José Armênio de Brito Cruz
- Móbile Viúva Negra, de Alexander Calder, no espaço expositivo Foto José Armênio de Brito Cruz
Móbile brasileiro de Alexander Calder em exposição na Tate Modern de Londres
José Armênio de Brito Cruz
Em março deste ano o Instituto de Arquitetos do Brasil, departamento São Paulo foi procurado pela Fundação Calder para tratar de uma grande exposição que ocorreria em novembro de 2015, na Tate Modern de Londres. O edifício-sede da instituição está em obras há um bom tempo e particularmente o andar onde fica o móbile de Alexander Calder estava sendo recuperado – piso, caixilho e instalações. Assim, foi feito um acordo viabilizando a presença da obra de arte na mostra.
Estando o prédio em reforma, buscamos contrapartidas para o empréstimo de obra tão importante, patrimônio valioso do IAB/SP. Ainda no começo deste ano, o Itaú Cultural atendeu a nossa proposta para patrocinar ações da entidade. O Calder ficaria na sede deste instituto na Avenida Paulista durante 4 meses. A sinalização da Tate, de acordo com a Fundação Calder foi a de oferecer para o IAB/SP o restauro completo da peça em Nova York antes de sua ida a Londres. Considerando a importância mundial da Tate, bem como a publicização da obra no mundo – fomos alertados de que para o curriculum vitae da obra seria muito importante –, concordamos em emprestar a escultura.
O restauro seria feito em Nova York, preorçado em US$ 80.000 (oitenta mil dólares), pagos pela Tate. Toda a intervenção do processo de restauro foi comunicada ao IAB/SP, com registro fotográfico do processo. Para a ida a Nova York, um courier do instituto foi no mesmo avião, acompanhando todo o transporte “prego a prego”, como se diz no meio. O seguro exigido e todas as despesas de transporte foram assumidos pela Tate, além de todas as outras condições do IAB/SP terem sido aceitas: para o translado, foi confeccionada uma caixa segundo orientação de especialistas para acondicionar a escultura; para contratação do seguro (feita junto a uma companhia de propriedade do Governo do Reino Unido) se realizou anteriormente uma cotação junto a companhia Sothebys. Toda a documentação está arquivada no IAB/SP.
A exposição será finalmente aberta nesta segunda feira, às 19 horas. O trabalho de curadoria é primoroso, Archim Borchardt-Hume e Rachel Barker fizeram um trabalho que merece todos os elogios. Para o preparo do espaço da exposição, o grupo da Tate Modern contou com uma consultoria do escritório Herzog & De Meroun, responsável pelo restauro do edifício-sede e pelo projeto do anexo, em construção.
O título da exposição é autoexplicativo: Performing Sculptures, “escultura performáticas”. Uma exposição emocionante sobre o pensamento dos artistas do início do século 20, suas inquietações e visões, onde arte e arquitetura estavam próximas em diversos sentidos. A música, o circo, a arquitetura, a cultura de uma forma geral, estão presentes nesta exposição, nos fomentando inevitáveis reflexões sobre o que é feito hoje.
Além da escultura do IAB/SP, que foi instalada em uma sala própria e está no final do trajeto da exposição, merecem destaque duas seções: a de “desenhos no espaço”, com arames, melhor do que muita holografia atual; e a da orquestra formada por objetos diversos, que geram som a partir do toque de um móbile, estudado para isso. A reconstrução da escultura, o posicionamento dos objetos e a montagem da escultura seguiu rigorosamente o concebido por Alexander Carder quando criou a instalação. De fato, a Viúva Negra, nome da escultura do IAB/SP, não poderia faltar neste show.
A exposição acaba em 30 de abril de 2016, quando a obra volta para o IAB/SP cumprindo todas as condições acordadas. Até lá a reforma do prédio já estará mais adiantada e o espaço pronto para receber tão importante patrimônio do Brasil e, particularmente, do Instituto de Arquitetos do Brasil – departamento de São Paulo, que a conserva por décadas e por outras tantas a manterá.