Álbum ARQUITETURAS GRAVADAS
Álbum ARQUITETURAS GRAVADAS
No ano de 2007, gestão do então presidente Arq. Arnaldo Martino, o IABsp lançou um álbum contendo 10 gravuras que reproduzem esboços de diferentes autores, cujos temas foram os “sonhos” por eles imaginados com arquiteturas que contribuem à construção do espaço da cidade de São Paulo.
O álbum é gravado e impresso em edição limitada e reúne croquis de arquitetos consagrados, que doaram os originais, tais como Carlos Bratke, David Libeskind, Decio Tozzi, Fábio Penteado, Guilherme Motta, Hector Vigliecca, João Walter Toscano, Paulo Mendes da Rocha, Roberto Loeb e Ruy Othake.
Essa ação foi principalmente motivada pelo desejo de realizar o restauro e a revitalização do edifício-sede do Departamento, passados então 60 anos do concurso do seu anteprojeto de arquitetura – ocorrido em 1947 -, que deu forma a este verdadeiro ícone da arquitetura moderna paulista.
Bem tombado do nosso Patrimônio histórico (CONDEPHAAT em 2002, CONPRESP em 2011, e encaminhando-se agora ao IPHAN) pela sua relevância arquitetônica, necessita agora de forma inadiável dos cuidados especiais dos arquitetos para a conservação de sua “casa”. Estes cuidados terão, sem dúvida, repercussão como fato cultural importantíssimo, tanto pela recuperação da integridade do bem tombado, como pela contribuição à revalorização da área central da cidade de São Paulo, vindo a constituir-se em um dos mais emblemáticos marcos do movimento de volta à sua ocupação, com a dignidade e o carinho que nossa cidade merece.
Assim, solicitamos a contribuição de todos adquirindo volumes para seu acervo pessoal ou doação à acervos públicos que visem a educação e reconhecimento da Arquitetura Paulista.
Editor: Mario Figueroa
Projeto Gráfico: Mario Figueroa e Ana Maria Montag
Revisão de texto: Luciana Brasil
Impressão das gravuras: Escritório de Arte Almavera
Os textos foram impressos em papel francês.
Rives Tradition 170 gramas, com fonte Trebuchet MS.
As gravuras foram impressas em papel francês Rives Tradition 320 gramas.
Medidas: 0,52 X 0,37 cm
Informações: Fone: (11) 3259-6866
iabsp@iabsp.org.br
Os arquitetos e suas obras
Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini
O arquiteto
Carlos Bratke formou-se em 1967 na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie
A obra
localIzação: São Paulo – SP I Av. Engenheiro Luís Carlos Berrini
ano do projeto: 1975
período da obra: 1978 .2006
sobre o projeto:
A partir de 1975, eu, meu irmão Roberto Bratke e meu primo Francisco Collet, todos arquitetos, começamos a procurar áreas alternativas dentro da cidade de São Paulo para a implantação de edifícios de escritórios.
A preocupação dos projetos de escritórios está na flexibilidade do uso futuro indeterminado. Assim, as lajes das áreas de trabalho são destituídas de pilares internos aos salões. A circulação vertical e os serviços de copas, cozinhas, depósitos, instalações de ar-condicionado, banheiros em geral localizam-se em torres que circundam ou sustentam salões.
Conjunto Nacional
O arquiteto
Filho de imigrantes poloneses, David Libeskind nasceu em Ponta Grossa, Paraná, em 1928. Com um ano de idade muda-se com a família para Belo Horizonte onde viveu e formou-se arquiteto pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1952.
A obra
localização: São Paulo – SP I Avenida Paulista, 2073 – Cerqueira César
ano do projeto: 1955
conclusão da obra: 1962
sobre o projeto:
Em 1955, ainda recém-chegado na cidade, Libeskind vence o concurso fechado para o Conjunto Nacional que, juntamente com o Copan e com o Parque Ibirapuera, transformou-se em uma das obras mais significativas da mudança vertiginosa pela qual a cidade passou na década de 50.
Iniciativa do empreendedor José Tijurs ocupa um lote de 14.600 m² que corresponde à totalidade da quadra. Com aproximadamente 150.000 m² de área construída, o programa está distribuído em dois grandes volumes: um horizontal, que ocupa todo o terreno, e outro vertical, que se desenvolve sobre pilotis, no terraço-jardim do bloco horizontal.
Eixo Comercial Oliveira Lima, Santo André
O arquiteto
Decio Tozzi nasceu em São Paulo, no ano de 1936. Graduado em 1959 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie
A obra
localização: Santo André – SP I Rua CeI. Oliveira Lima – Centro
ano do projeto: 1998
conclusão da obra: 2003
Prêmio na V Bienal internacional de Arquitetura de São Paulo, em 2003
sobre o projeto:
O bulevar da Rua Oliveira Lima experimentou o seu apogeu nas décadas de 1970 e 1980 quando era o principal eixo de comércio e serviços da cidade.
A solução adotada propõe implantar sobre a antiga estrutura física dessa rua um desenho que a transforme e crie um shopping de rua, conferindo à nova Oliveira Lima as mesmas condições de abrigo e conforto de um shopping tradicional, além de integrá-Ia à vida urbana do setor central de Santo André.
Para isso, desenhei uma cobertura transparente composta de estrutura espacial metálica curva e protegida por encaixilhamento de vidro laminado transparente, que gera a necessária proteção contra a chuva, os ventos e a característica neblina úmida da região. Os pilares de sustentação da cobertura foram implantados nos alinhamentos da rua, de ambos os lados, e nas divisas das lojas o que, em virtude das suas diversas larguras, conferiu às arcadas de apoio da cobertura um interessante movimento através da irregularidade dos diferentes vãos de intercolúnio.
Centro de Convivência de Campinas
O arquiteto
Nasceu em Campinas em 1929 e faleceu em 2011.
Formou-se pela Faculdade de Arquitetura Mackenzie em 1953
A obra
localização: Campinas – SP I Praça Imprensa Fluminense – Cambuí
ano do projeto: 1967
conclusão da obra: 1976
sobre o projeto:
O Centro de Convivência Cultural de Campinas representa o desenvolvimento de uma tese pesquisada por longos anos pelo arquiteto Fábio Penteado. Os edifícios propostos externavam os seus usos de maneira convidativa, oferecendo o uso das coberturas inclinadas e a reconstituição do terreno para auditórios ao ar livre não somente para espetáculos mas também para ensaios, encontros e todo tipo de manifestação cotidiana.
O terreno inicialmente oferecido para a construção de um teatro de 500 lugares foi ampliado de forma a aglutinar a praça existente do outro lado da avenida, resultando em um grande espaço aberto de 40.000 m² no centro de Campinas. A modificação no traçado não prejudicou o trânsito que passou a circular em um sistema rotatório.
A solução proposta foi praticamente de rompimento dos setores tradicionais que compõem um teatro dessa natureza e disso resultou a construção de quatro blocos isolados, mas que convergem para um ponto central da nova praça, formando um outro teatro: um grande teatro de arena com capacidade para até 8.000 pessoas; e toda a obra tem exatamente a mesma área construída de um teatro convencional de 500 lugares.
Uma grande torre inclinada cujo ponto máximo chega a 28 m de altura, se projeta exatamente no centro da arena oferecendo iluminação para toda a praça.
Biblioteca Municipal Cassiano Ricardo [recuperação e revitalização]
O arquiteto
Graduou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Bráz Cubas em 1978.
A obra
loçalização: São José dos Campos_SP | Rua XV de Novembro, 99_Centro
ano do projeto: 1995
ano da obra: 1997
premiação: III Bienal Internacional de Arquitetura [1997], categoria Patrimônio Histórico.
sobre o projeto:
O partido arquitetônico adotado para a restauração procurou conciliar as características arquitetônicas originais do edifício do teatro, reconstituindo a sua majestosa proporção interna, com os partidos clássicos empregados nos modelos formulados por Henry Labroustre em seus projetos para a Biblioteca de Sainte-Genevieve e Biblioteca Nacional em Paris na segunda metade do século XIX.
O “Theatro São José” revelava um padrão singelo, pois não dispunha de caixa de palco, contudo a plateia e as galerias sobrepostas em três níveis dos camarotes construídos em estrutura de madeira conferiam peculiar característica à sua disposição original, completando-se por uma construção anexa que abrigava o bar e o restaurante, local onde se situava o acesso aos camarotes superiores.
O projeto previu a reconstituição do espaço primitivo da antiga plateia, demolindo-se a laje de concreto para voltar a se configurar um único espaço, ladeado por galerias sobrepostas e sustentadas por uma estrutura metálica, a exemplo do que foram as galerias de madeira, reinterpreta das por intermédio de uma linguagem contemporânea, com o objetivo de reconstituir a amplitude dos espaços internos do teatro, que estavam desfigurados pela excessiva compartimentação e pelas inúmeras improvisações levadas a efeito no curso do tempo.
Reurbanização do Complexo Paraisópolis (projeto)
O arquiteto
Formou-se na Escola de Arquitetura de Montevidéu em 1968.
Validou seu diploma de arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, em 1978.
A obra
localização: São Paulo_SP I Bairro do Morumbi
área de Intervenção: 100 Hectares
população: 80.000 Habitantes
ano do projeto: 2005 -2006
premiação: Prêmio IAB SP 2006, categoria Cidade e Paisagem
sobre o projeto:
“As cidades são o ambiente da existência, sabemos que a relação positiva ou negativa com o ambiente determina a saúde física, psiquica e moral dos indivíduos e dos grupos sociais.” [Giulio Carlo Argan] Uma cidadania não se constrói apenas pelas boas intenções das leis, das normativas ou por um status de propriedade.
Pouco adianta elaborar um diagnóstico da situação atual se não temos subjacente, uma hipótese de cidade.
Urbanista é aquele que dá sentido a uma ação de projeto, precede qualquer outra decisão política e de engenharia. Ações de saneamento, remoção de construções em áreas de risco, implantação de escolas etc., não podem ser definidos como ações urbanísticas, isto é apenas o cumprimento do pacto social.
A geografia se configura como o grande vetar de raciocínio, quase sempre invisível. Torná-Ia visível é o principal exercício de projeto, pois a cidadania está irremediavelmente ligada à legibilidade da geografia e à infra-estrutura.
Estação de Trem Largo Treze de Maio
O arquiteto
João Walter Toscano nasceu em Itu, Estado de São Paulo, em 1933 e faleceu em 2011.
Graduou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em 1956.
A obra
localização: São Paulo_SP I Marginal do Rio Pinheiros- Largo 13 de maio
ano do projeto: 1984
conclusão da obra: 1986
sobre o projeto:
A escolha da área para a Estação Largo 13 de Maio, na zona sul da cidade de São Paulo, se apoia na importância do eixo constituído pelo prolongamento da Avenida Padre José Maria.
A área do projeto compõe-se de uma faixa de terreno de 20 metros de largura, entre a ferrovia e a Avenida Marginal, ao longo do Rio Pinheiros.
Na elaboração do projeto foram levados em conta alguns pontos chave. Em primeiro lugar, a importância da estação no âmbito regional, como um dos nós essenciais de agregação, em torno dos quais se desenvolve a cidade, acolhendo um grande número de pessoas, proporcionando atividades e encontros, criando coordenadas para a organização urbana. A localização, outro aspecto relevante, permite integrar funcionalmente a estação com todos os outros meios de transporte, trólebus, ônibus e automóveis, garantindo ao usuário um fluxo contínuo e desafogado.
Além de absorver as funções a que se destinava, o projeto procurou manter a identidade da estação através de uma solução arquitetônica que exprime claramente a organização espacial, o sistema estrutural e o tratamento particular de cada um dos elementos.
Tem-se, portanto, um conjunto compacto e articulado de volumes: a “gare”, a torre e a passarela. A primeira se assenta sobre a linha férrea, seguindo o desenho da avenida marginal. A torre do relógio, elemento vertical que marca o edifício, é importante ponto de referência visual e resgata características tradicionais das estações de trem. A passarela se encaixa no sentido perpendicular e acompanha o traçado da avenida Padre José Maria, fazendo a travessia da via marginal e definindo o único acesso à estação.
A “gare” abre visuais para a cidade e para o rio Pinheiros. Enquanto espaço de percurso e transição permite uma visão ampla do contexto urbano, com o qual estabelece conexões importantes.
O sistema estrutural é baseado no emprego do aço, atendendo a proposta da contratante. Obviamente, as possibilidades e vantagens oferecidas pelo material influíram no caráter do projeto, permitindo grande liberdade no arranjo das formas.
Praça do Patriarca
O arquiteto
Paulo Archias Mendes da Rocha nasceu em Vitória, Espírito Santo, em 1928. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Mackenzie, em São Paulo, em 1954.
Prêmio Mies van der Rohe para a América Latina em 2001, pelo projeto da Pinacoteca do Estado de São Paulo e em 2006, o prêmio Pritzker de Arquitetura pelo conjunto de sua obra.
A obra
localização: São Paulo_SP I Praça do Patriarca- Sé
ano do projeto: 1992
conclusão da obra: 2002
sobre o projeto:
A revalorização do centro da cidade de São Paulo deve conter afirmações interessantes sobre a dependência entre as ideias e as formas, um reviver da arquitetura urbana. Não simplesmente restaurar, mas, também, criar novos desenhos que abriguem, amparem e expressem hábitos, símbolos urbanos do tempo em que vivemos.
Pensando na modernização e revitalização desta área de importância cultural estratégica na história da cidade e na sua dinâmica atual, propõe-se reorganizar o trajeto de veículos e as paradas de ônibus na área, utilizando o Viaduto do Chá, em sua extensão de 240 m, como terminal, abrigado por uma leve cobertura de aço e cristal, já sugerida em 1898 pela Câmara Municipal.
A Praça do Patriarca, por sua vez, tem seu piso original restaurado, onde estrategicamente se retoca a escultura de Ceschiatti e recebe uma nova cobertura para o acesso à Galeria Prestes Maia. Este artefato arquitetônico é a peça mais importante do conjunto de propostas, uma vez que dialoga com a escala da cidade antiga e realiza a praça na escala do pedestre. Como um portal para a praça e, em sentido inverso, moldura das visuais e espaços abertos, propomos uma cobertura suspensa, que não toca o chão, e uma arquitrave que a sustenta, ambas em formas adequadas, leves, brancas e de aparência um tanto instável, convocando sensações imprevistas.
Centro da Cultura Judaica
O arquiteto
Nasceu em São Paulo em 1941. Em 1965 formou-se pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie.
A obra
localização: São Paulo_SP I Rua Oscar Freire, 2500
ano do projeto: 1990 -2002
período da obra: 1996 -2003
sobre o projeto:
“O volume arquitetônico da Casa de Cultura de Israel tem como referência formal os cilindros e o pergaminho manuscrito, que constituem a “TORAH” e, que contém os princípios éticos e estruturais da cultura judaica e sua interpretação da criação do mundo.
As duas torres cilíndricas abrigam os elevadores e demais áreas de serviço, enquanto as fachadas, em suas duas faces, se desenvolvem através de “brise-soleil” de lâminas de vidro sustentadas por estrutura de concreto e metal.”
O “Centro da Cultura Judaica” é um edifício com cerca de 5.000 m2 que se destaca na paisagem da cidade, graças à sua forma e implantação em terreno sem construções vizinhas, anexo à estação Sumaré do metrô.
O edifício é basicamente composto por duas torres cilíndricas em concreto a vista com cerca de 9 metros de diâmetro, interligadas por lajes com cerca de 31,50 metros de comprimento e 09 metros de largura.
Hotel Unique
O arquiteto
Nasceu em São Paulo em 1938 e formou-se em 1960 pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
A obra
localização: São Paulo_SP I Avenida Brigadeiro Luis Antônio
ano do projeto: 1999
período da obra: 2000/2002
sobre o projeto:
O Partido – Os dois grandes vazios que se percebem da fachada e que descem em curva a partir da altura de 25 m são parte importante do conceito do projeto. São os vazios que protagonizam a expressão e determinam a força da arquitetura. E marcam os dois acessos: de um lado para o Hotel, e de outro lado para o Restaurante e Centro de Eventos.
Procurei trabalhar com materiais expressivos em densidade, textura, e cor com linguagem contemporânea. Por isso, escolhi a placa de cobre, pré-oxidada em três tons de verde, a madeira de ipê, selecionada de reflorestamento, e o concreto, com variadas texturas e pigmentações. Estudei um detalhe muito significativo: esses três materiais se encontram exatamente em um ponto, a 25 m de altura.
A Forma Externa e o Espaço Interno – O espaço interno deve corresponder à forma externa?
A Questão do Entorno – A legislação urbana permite construir na Av. Brig. Luís Antonio – local do projeto – edificações de até 25 m de altura.
O Recuo Frontal – Recuei o hotel quase 40 m da rua. Com isso, foi possível obter uma praça fronteiriça ao projeto, com tratamento paisagístico adequado.
As Visuais – Da cobertura do hotel, a 25 m de altura, uma das mais bonitas vistas da cidade. Nessa cobertura estão localizados o restaurante e a piscina.