Cronologia Bienais Internacionais de Arquitetura de São Paulo
1973
| 1ª Bienal | local: Pavilhão Armando de Arruda Pereira | curadoria: Oswaldo Corrêa Gonçalves |
Pela primeira vez realizada dissociada da Bienal de Artes Plásticas, a primeira Bienal de Arquitetura buscava estabelecer-se como um fórum de discussão. Um encontro onde fosse possível reunir empenhos desenvolvidos mundialmente, considerando inserções relacionadas ao meio ambiente (tema até então pouco discutido no país), cidade e campo, sob o tema “O Ambiente que o Homem Organiza: suas Conquistas e Dificuldades”.
A 1ª BIA consolidou-se, assim, como espaço de reflexão sobre a produção arquitetônica e diálogo entre arquitetos e estudantes, recuperando, em parte, a liberdade de expressão e a discussão que o regime político vigente na época havia cerceado.
1993
| 2ª Bienal | local: Pavilhão da Bienal | curadoria: Aline Sultani, Carlos Verna, Edson Elito, Elisabete França, Júlio Abe Wakahara, Miguel Alves Pereira, Pedro Cury e Sophia da Silva Telles |
Com um hiato de 20 anos de fragilidades políticas e econômicas no país, apenas no início da década de 90 foi possível a retomada da ideia de realização da bienal.
Como reflexo da II Conferência do Meio Ambiente: Rio+20 em 1992, foi desenvolvida a temática “Arquitetura, Cidade e Desenvolvimento”, delineada pelas relações entre cidade e natureza. Destacam-se nesta edição, a apresentação de projetos para as várzeas do Tamanduateí, Tietê e Pinheiros, ampliação da Avenida Faria Lima e Eixo Histórico La Défense de Paris. Desta maneira, a Bienal configurou-se como espaço de leitura crítica das cidades e de análise de intervenções realizadas por projetos urbanos.
A 2ª BIA destacou-se por sua pluralidade compositiva, através da qual as arquiteturas expostas assumiram linguagens projetuais diversas.
1997
| 3ª Bienal | local: Pavilhão da Bienal | curadoria: Lucio Gomes Machado e Luiz Fisberg |
A Terceira Bienal Internacional de Arquitetura foi marcada por uma produção arquitetônica nacional antagônica e plural e, considerando tal cenário, não teve uma temática definida, sendo apenas delineada por 4 eixos. São eles: os processos de urbanização; os edifícios e sua relação com o meio natural e urbano; Patrimônio Ambiental, Artístico e Histórico; e por fim, desenho industrial e comunicação visual. Segundo esse princípio, buscou-se abordar todas as manifestações expressivas da produção arquitetônica e urbanística vigente na época, incentivando a exposição de projetos e obras de novos arquitetos. Organizou-se um extenso painel da produção arquitetônica contemporânea.
A 3ª BIA, reunindo práticas e conhecimentos arquitetônicos diversos, destacou-se por divulgar e popularizar a arquitetura brasileira nacional e internacionalmente.
1999
| 4ª Bienal | local Pavilhão da Bienal | curadoria Lucio Gomes Machado e Luiz Fisberg |
A Quarta Bienal Internacional de Arquitetura, com o tema “Arquitetura e Cidadania”, propôs a reflexão sobre questões urbanas contemporâneas. Foram proporcionados debates acerca das qualidades projetuais de construções e espaços públicos nas cidades e o envolvimento entre o espaço e os cidadãos. Além disso, aparece ali a intenção de ultrapassar a ideia de bienal como encontro de profissionais, visando atrair também estudantes e público não especializado, propondo atividades paralelas à exposição, como palestras, ciclo de cinema e lançamento de livros.
Em coerência a uma temática que aborda a vivência do espaço na cidade, a 4 ª BIA se expandiu por além do Pavilhão da Bienal, acontecendo por diversos centros culturais na cidade de São Paulo.
2003
| 5ª Bienal | local Pavilhão da Bienal | curadoria Pedro Cury, Ricardo Ohtake e Jacobo Cripelli Visconti (como adjunto) |
A Quinta Bienal Internacional de Arquitetura e Design de São Paulo teve como tema “Metrópole” e, assim, foi desenvolvida a partir da exposição de projetos relevantes para sete cidades no contexto mundial: Beijing, Johannesburgo, Tóquio, Berlim, Londres, Nova York e São Paulo.
A 5ª BIA teve como objetivo debater questões fundamentais para a compreensão de mecanismos que impulsionam o desenvolvimento das metrópoles e o pensamento acerca da qualidade de vida nestas. Buscou-se, entendendo o arquiteto como agente de transformação, discutir o obstáculo conectivo entre problemas do cotidiano de grandes aglomerados urbanos e utopias urbanísticas, além de configurar-se como impulso para pensar soluções a estas circunstâncias.
2005
| 6ª Bienal | local: Pavilhão da Bienal | curadoria: Gilberto Belleza, Pedro Cury |
Com o tema “Viver na cidade”, a Sexta Bienal Internacional de Arquitetura se deu como continuação da temática da 5ªBIA. Se no primeiro momento a discussão sobre a metrópole se dava sob uma perspectiva generalizada, agora a reflexão se voltava aos conflitos e dinâmicas do morar nas cidades contemporâneas. E isso,tendo em vista as profundas transformações políticas, culturais, econômicas, artísticas e, conseqüentemente, arquitetônicas, que marcaram o século XX. Houve uma ampliação do entendimento do viver, tema da habitação normalmente tido apenas como moradia individual. Dentro disso, buscou-se uma possibilidade de maior contato e identificação do público não especializado, pensando também em ferramentas de maior acessibilidade como maquetes e projeções, assim como espaços abertos de debates.
2007
| 7ª Bienal | local: Pavilhão da Bienal | curadoria: Arnaldo Martino, Gilberto Belleza, José Magalhães Junior |
Sob uma tendência similar das últimas edições, a temática da cidade se dava nesta edição sob a reflexão do relacionamento da arquitetura da cidades e dos edifícios, e a importância desta enquanto embasamento e inserção projetual. Tem-se então, na Sétima Bienal Internacional de Arquitetura, uma discussão sobre o público e o privado, assim com os espaços situados na transição entre os domínios individuais e coletivos, trazendo uma reflexão sobre a produção arquitetônica e urbana baseada nessa dicotomia.
Um dos marcos da edição foi a mostra especial dedicada à Oscar Niemeyer em homenagem ao projeto do Parque Ibirapuera, que no momento tecia a discussão da alteração da marquise, que deu origem ao logo dessa bienal.
Trazendo pela terceira vez o assunto da cidade, que fora tomado pela primeira vez na Bienal de Veneza no ano anterior, consolida-se cada vez mais a importância da BIA no circuito de eventos sobre arquitetura.
2009
| 8ª Bienal | local: Pavilhão da Bienal | curadoria: Bruno Padovano |
ECOS é a sigla de Espacialidade, Conectividade, Originalidade e Sustentabilidade – sendo estes os quatro eixos que nortearam o conceito e temática da Oitava Bienal Internacional de Arquitetura.
Em 2007, o Brasil havia sido escolhido como país sede da Copa do Mundo de 2014 e logo se vislumbrava o possível legado de requalificação de áreas degradadas nas cidades-sede. Seriam as cidades beneficiadas pela construção das arenas? Discutiu-se então como megaeventos poderiam trazer investimentos e implantação de infraestruturas, dentre outras intervenções urbanas de qualificação do espaço público. Além disso havia a demanda e responsabilidade da construção das arenas, atendendo à normas e qualidade em níveis internacionais.
Assim, essa oitava edição buscou fomentar, discutir e propor novas formas de planejar e projetar espaços de uso humano, diminuindo os impactos negativos no meio ambiente e promovendo uma sociedade saudável.
2011
| 9ª Bienal | local: Pavilhão Oca | curadoria: Valter Caldana |
Se nas edições passadas a ênfase era a cidade, na nona edição da Bienal Internacional de Arquitetura o foco é o cidadão enquanto agente e usuário da cidade, pensando a arquitetura como ferramenta de cidadania. Voltou-se diretamente para o público não especializado, reforçando a intenção de democratização do assunto. Buscou-se elucidar a indissociabilidade existente entre a Arquitetura e Urbanismo e o cotidiano e sociedade, como um dos agentes definidores de sua qualidade. Realizaram-se uma série de eventos que culminaram na exposição da bienal, desta vez realizada no Pavilhão da OCA e espaços como CCSP, Sesc, escolas e Praça Victor Civita, a fim de caracterizar-se como processo dinâmico e plural, mais do que como um evento pontual.
Pretendeu-se uma nonaBia que tivesse como público preferencial a sociedade como um todo e não apenas a corporação, tomando a própria cidade como plataforma expositiva dinâmica e educativa.
2013
| 10ª Bienal | local: Lugares diversos | curadoria: Guilherme Wisnik, Ana Luiza Nobre, Ligia Nobre |
Na décima edição, foi decidido que a temática abordaria as complexas dinâmicas que constroem e reconstroem a cidade cotidianamente, buscando uma maior proximidade à urbanidade e modos de vida. Como anteriormente, a proposta expositiva buscou alternativas menos técnicas e difusas em diversos locais da cidade, a fim de proporcionar maior acessibilidade aos visitantes, através de uma rede de espaços articulados pelo transporte público. Foram retomados os megaeventos de 2014 e 2016 e apresentaram-se as grandes obras de infraestrutura em “RioNow”. Desta vez, o objetivo foi promover o debate e olhar crítico, em análise do cenário e reflexos posteriores das intervenções. O trabalho coletivo e novas formas de articulação e ação foram abordados na exposição no Sesc Pompeia. Tal como esse eixo, a décima edição se propôs como revisão das intenções e maneiras de organização da bienal, na qual o foco, então, passou a ser a cidade enquanto espaço ampliado, participativo e diverso. A intenção foi incitar a reflexão sobre a cidade e suas transformações.
2017
| 11ª Bienal | local: Lugares diversos | curadoria: Marcos Rosa, José Armênio de Brito Cruz, André Goldman, Bruna Montuori e Catherine Otondo |
A 11a BIA se debruça no termo “em projeto”, buscando revisitar as diversas perspectivas do “fazer”, repensando o projeto singular como instrumento capaz de reunir a interdisciplinaridade necessária que o fenômeno cidade exige.
“Em projeto” configurou-se, então, como plataforma de produtiva de conhecimento, propondo práticas transformadoras na cidade. A Bienal, aprofundando ideias da última Bienal, não concentrou-se somente no centro expandido, propondo estudos e vivências também nas bordas da cidade – sob a perspectiva da cidade para todos. Entre os projetos de destaque da 11ª Bienal, foi desenvolvido o Observatório da Bienal. Este propôs mapeamento e reconhecimento de ações transformadoras e participativas de diversos atores no desenvolvimento coletivo da cidade, estabelecendo um arquivo de referências.
A 11 ª BIA buscou pensar alternativas à articulação de diferentes agentes sociais e o compartilhamento de conhecimento, tal como à expansão da ação transformadora do arquiteto, sugerindo uma atitude experimental que questiona o lugar do projeto na cidade e enfoca o processo: em construção, em projeto.
Referências Bibliográficas
FRANÇA, Elisabete. Arquitetura em Retrospectiva: 10 Bienais de
São Paulo. São Paulo: KPMO Cultura e Arte, 2017
CALDANA, Valter. Curador XIX Bienal. Apresentação Comercial
nonaBia. São Paulo, 2010.